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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Missa do Vaqueiro




Tudo começou com um personagem mítico dos sertões. Reza a lenda que Raimundo Jacó era um excelente vaqueiro. Quando aboiava, seu canto atraía o gado. Era capaz de adivinhar onde dormia e comia cada cabeça de gado sob sua responsabilidade. Tal feito despertava muita inveja nos demais companheiros e, numa noite, em 1954, ao sair à captura de uma rês que havia fugido da fazenda de seu patrão, foi traiçoeiramente assassinado. A história diz ainda que seu cachorro, companheiro fiel, velou o corpo dia e noite, até morrer de fome e sede. O enterro foi seguido por toda a gente das redondezas.O caso de Raimundo Jacó virou mito, correu pelas terras e foi cantado nos versos de Luiz Gonzaga: Numa tarde bem tristonha/Gado muge sem parar/Lamentando seu vaqueiro/Que não vem mais aboiar. Sacudido numa cova/Desprezado do Senhor/Só lembrado do cachorro/Que inda chora sua dor/É demais tanta dor...
Foi o próprio Rei do Baião também quem decidiu fazer da história de Raimundo Jacó uma celebração do ofício do vaqueiro caracterizado pela coragem de se embrenhar pela catinga, em busca do gado, muitas vezes arredio e, em 1970, apoiou o Padre João Câncio na primeira Missa do Vaqueiro, celebrada no Sítio Lajes, em Serrita, no alto Sertão do Araripe, a 553 km de distância da capital do Estado. Ali, em pleno sertão central, o local da morte do vaqueiro é referendado ainda hoje como espaço sagrado para o homem sertanejo.
Em 2009, a Missa do Vaqueiro chega à sua 39ª edição, sendo considerado um dos maiores eventos da região e o único com projeção internacional, de acordo com dados da prefeitura municipal de Serrita. Todos os anos, no mês de julho, estima-se que a cidade recebe em média 50 mil pessoas para a tradicional celebração, entre religiosos, vaqueiros e suas famílias, cineastas, turistas e pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Assim, há um impulso na economia local, gerando renda para os artesãos da região articulados pela Comunidade Artesã de Serrita. Segundo Helena Câncio presidente da Fundação Padre Câncio com o grande fluxo de pessoas circulando pela cidade, os artesãos aproveitam a época para comercializar seus produtos confeccionados a partir do couro, material da indumentária típica do vaqueiro.
Agregando o sagrado e o profano, a Missa acontece no domingo e tem início com o desfile de mil vaqueiros da região, que saem em procissão nos seus cavalos, levando oferendas ao altar, local do grande encontro. A Missa do Vaqueiro é promovida pela Fundação Padre João Câncio, em parceria com a prefeitura municipal de Serrita e a Associação dos Vaqueiros de Pega de Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco Apega.
Durante esse período, o público confere, sempre a partir das 21h, atrações musicais da região (como aboiadores e trios pé-de-serra), shows de grandes artistas, como Santana, o Cantador, Josildo Sá e Elba Ramalho, pega do boi e celebração da tradicional Missa, que encerra a programação, na manhã do domingo. A ação integra ainda a Rota do Vaqueiro, iniciativa da Secretaria de Turismo/Empetur e percorre três espaços, da estrada, na PE 507 ao Parque João Câncio, no Sítio Lajes, passando pela Vila Ipueira.

3 comentários:

  1. Pense numa vida sofrida e honrosa que eu acho vei!!
    fora essa música aqui...acho linda!

    A morte do vaqueiro

    Numa tarde bem tristonha
    Gado muge sem parar
    Lamentando seu vaqueiro
    Que não vem mais aboiar
    Não vem mais aboiar
    Tão dolente a cantar
    Tengo, lengo, tengo, lengo,
    tengo, lengo, tengo
    Ei, gado, oi
    Bom vaqueiro nordestino
    Morre sem deixar tostão
    O seu nome é esquecido
    Nas quebradas do sertão
    Nunca mais ouvirão
    Seu cantar, meu irmão
    ...
    Ei, gado, oi
    Sacudido numa cova
    Desprezado do Senhor
    Só lembrado do cachorro
    Que inda chora
    Sua dor
    É demais tanta dor
    A chorar com amor
    ...

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